Entidades alertam para impactos do crime organizado nos setores da economia em audiência na Câmara
Na última quinta-feira (22), a Frente Parlamentar de Comércio e Serviços (FCS) reuniu autoridades, parlamentares, especialistas e representantes do setor produtivo para debater os impactos da segurança pública no ambiente de negócios. O objetivo do encontro foi debater projetos com medidas efetivas para conter o avanço do crime organizado no mercado legal da economia.
Segundo o deputado Júlio Lopes (PP-RJ), a criminalidade movimenta bilhões de reais e, em setores como o de combustíveis, chegam a gerar lucros de até R$ 12 milhões às organizações criminosas.
Ele defendeu a adoção de novas tecnologias para garantir a rastreabilidade e o controle do mercado de combustíveis. Ele defende a criação de um órgão de monitoramento para identificar fraudes e irregularidades no setor.
O vice-presidente da Fecomércio-SP, Dan Ginsburg, também fez duras críticas à atual legislação penal. Para Ginsburg, o crescimento das operações ilegais colocam o país em situação de calamidade, diante da recepção de bens como computadores e objetos necessários para os empreendedores.
Já o especialista João Henrique Martins trouxe um alerta para a situação na cadeia logística: “Em muitos casos, cargas que deveriam transportar produtos como soja estão, na verdade, servindo de fachada para o transporte de cocaína.”
Martins considera que a entrada do crime organizado no setor logístico afeta, também, o comércio internacional diante das cargas contaminadas com conteúdos ilegais, “causando sérios danos à imagem e à economia brasileira”.
Na mesma linha, o também representante da Fecomércio-SP, Thiago Carvalho, citou como preocupação casos de grande repercussão de violência urbana. Ele criticou a legislação por não efetivar prisões e abrir espaço para a reincidência dos crimes. “Criminosos reincidentes são um dos maiores problemas enfrentados, pois gera uma sensação de impunidade”, pontuou.
Crimes Contra Infraestruturas Estratégicas
Durante o seminário, especialistas alertaram ainda para os impactos da economia ilícita nos setores de combustíveis, logística e telecomunicações. Para os participantes, a atuação do crime organizado, que compromete a prestação de serviços, reforça a urgência de uma ação conjunta entre setor público e privado.
O especialista em segurança eletrônica Dr. Lázaro de Sá (ABESE) reforçou que o modelo antigo, baseado exclusivamente em rondas presenciais, já não atende mais às necessidades atuais, seja pela limitação de recursos, seja pela escassez de efetivo. Segundo ele, “a tecnologia não é mais uma opção, é um caminho sem volta”.
Por sua vez, a representante da Conexis Brasil, Daniela Martins, mencionou reportagens que classificam a interrupção de serviços essenciais, por meio da apropriação da infraestrutura de telecomunicação, como “cangaços modernos”. Segundo ela, as operadoras não conseguem prestar seus serviços de forma adequada devido ao domínio do crime organizado.
Por Sophia Santos